terça-feira, 14 de agosto de 2018

Bianca Rinaldi festeja sua segunda passagem em 'Malhação': 'mais madura'

Vinte anos depois, atriz celebra momento aos 43 anos e fala das                 cobranças sofridas pelas mulheres em sociedade



Vinte anos depois, Bianca Rinaldi está de volta à Malhação na temporada "Vidas Brasileiras". Protagonista de inúmeras novelas da TV Record e do SBT, ela retorna de vez à TV Globo com uma bagagem que transcende à profissão. "Estou mais madura, sou mãe, estou casada...", contou a atriz à GQ.

De 1998 para cá, muita coisa mudou na vida de Bianca Rinaldi, no mundo e na própria dramaturgia. "O modo de fazer uma novela teve que mudar. Hoje temos uma novela muito mais dinâmica e mais descontraída", analisa a atriz, que interpreta Leonor, uma professora de história livre, que chega a se envolver com um aluno muito mais novo.

"Ainda vejo muito preconceito com mulheres mais velhas namorando rapazes. Deveria ser algo natural", reflete a atriz de 43 anos, que também admite a pressão da sociedade para que as mulheres estejam sempre belas. "Não é uma questão exclusiva do meio artístico. A sociedade exige que sigamos os padrões de estética", afirma Bianca.

GQ: Bianca, você trabalhou na novela Em Família (2014) e agora está em Malhação como  Leonor. Após tantos anos protagonizando novelas em outras emissoras, como tem sido o seu retorno à TV Globo?

BR:Eu estou amando o meu retorno à Malhação, principalmente por ser em um momento tão diferente na minha vida. Estou mais madura, sou mãe, estou casada... 

GQ: É uma realização na sua carreira?

BR:Para mim, a realização de carreira em si é interpretar personagens tão bacanas como a Leonor, que é uma mulher muito leve e livre.  Eu vou aonde os meus personagens me levam. Se tenho a oportunidade de contar boas histórias, de ter novas experiências que vão me fazer evoluir profissionalmente, eu aceito.




GQ:As pessoas podem não se lembrar, mas essa é a sua segunda passagem por Malhação (entre 1997 e 1998, ela viveu Úrsula, uma professora de ginástica olímpica). Para você, o que mudou mais: a dramaturgia/televisão brasileira ou os temas do folhetim? Hoje em dia, ‘Malhação’ tem preocupação social com diversos temas, como racismo e bullying.

BR: Eu acho a mudança é grande, tanto os temas quanto a forma de fazer novela. ‘Malhação’ sempre teve um público muito jovem e acredito que hoje conseguimos falar de uma forma mais direta com eles, transmitindo mensagens importantes de uma forma leve. O modo de fazer uma novela teve que mudar. Hoje temos uma novela muito mais dinâmica e mais descontraída.

GQ:Nesta temporada, Leonor é uma professora que acaba se envolvendo com Leandro (Dhonata Augusto), um rapaz 20 anos mais novo. Qual é a sua opinião sobre esse tipo de relacionamento?

BR:No caso da novela, a Leonor é muito ética e responsável, então o envolvimento deles não evolui quando ela percebe que ele é menor de idade e aluno dela. Mas eu ainda vejo muito preconceito com mulheres mais velhas namorando rapazes. Deveria ser algo natural, mas sabemos que a sociedade ainda julga muito esse tema. Acho a questão da idade muito relativa, e acredito que o amor deva prevalecer sempre - além, claro, do consentimento e do respeito.



GQ: Bianca, você foi atleta de ginástica olímpica na juventude. Como o passado como atleta te ajuda na profissão? Você sente que existe uma cobrança para que as atrizes estejam sempre bonitas e em forma?

BR: Sim, fiz ginástica olímpica durante muitos anos e o esporte me ajudou bastante na questão da disciplina e comprometimento. São valores profissionais que levo até hoje. Sobre a cobrança para que as atrizes sempre estejam bonitas e em forma, existe, sim. Mas não é uma questão exclusiva do meio artístico. A sociedade em si pressiona para que todas as mulheres sigam os padrões de estética. Só que ter o corpo malhado e ‘dentro dos padrões’ não significa boa saúde. Estar em forma, para mim, é um equilíbrio entre o corpo e a mente.

GQ: E, para finalizar, em todo esse tempo de carreira, qual momento você mais se orgulha de ter feito? E o que ainda falta fazer?

BR: Nossa, é uma pergunta muito difícil (risos). Eu me orgulho de tudo o que fiz até então. Todos os projetos me fizeram evoluir como profissional e pessoa. Não sei se conseguiria escolher apenas um, até porque cada momento da minha carreira teve a sua importância à época. Eu me orgulho muito de ter entregado tudo de mim para todos os personagens que fiz. Sempre foi uma entrega completa. Mas ainda falta muito o que conquistar, sim. Talvez uma personagem mais desconstruída, que seja totalmente fora da minha zona de conforto... Ainda quero fazer muita novela, cinema, teatro. Quero levar mensagens importantes através da arte.